Disse Bertold Brecht, em seu Intertexto:
'' Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.''
''Ninguém se importa comigo'' é, aparentemente, uma das sentenças mais tristes que alguém pode dizer. É a desilusão, é o fim, é a desistência.
Se houve desistência, é porque houve tentativa. Se houve tentativa, é porque houve esperança. Atentem à Esperança. Friedrich Nietzsche (enlouqueceu), brevemente discursou sobre a Esperança:
"A esperança é o derradeiro mal; é o pior dos males, porquanto prolonga o tormento.''
Temos, pois, um conflito. Se a desistência é o fim da esperança, e a esperança é o pior dos males, o derradeiro mal, o que há de ruim no fim da esperança?
Desistir também é vencer. Há, sim, coragem na desistência, e não só covardia.
Cada vez tenho mais certeza de que bem, mal, coragem, covardia e demais opostos são, mais do que conceitos que se confundem, inexistentes. Inexistentes, explico, em sua interpretação, em seu julgamento. Existentes, e aqui sim confundidos, dentro do ser. Como a moral kantiana, esses conceitos só existem por inteiro quando estão intimamente ligados à pessoa que comete o ato de agir. Não há redundância.
''A diferença do Porta dos Fundos para os outros projetos foi o simples fato de que, além de projetar, fizemos.'' João Vicente de Castro, um dos criadores do canal.
''Accio, Firebolt'' Harry Potter. Ação, Firebolt, quis dizer Harry, para salvar sua vida de um Dragão.
Desistir, então, pode ser bom. Como de costume, o ser humano opta pelo ruim. Opta pelo esperar, pela esperança. Optar é uma forma de agir. Sendo assim, entre a desistência e a esperança, o grande vencedor do ser humano é o agir. Querendo ou não, a bola rola. Hoje, ajo.
Como fiz questão de citar, Nietzsche enlouqueceu.
E eu, como não é muito difícil de reparar - e aqui deixo a citação do Seu Jorge - :
''Puta que pariu, não vou nada bem.''
O genérico nome reflete o genérico intuito deste sítio: refletir, dar pitacos, contar histórias sobre temas do dia a dia que, de alguma forma, chegam até mim. Nada impede que eu não siga essa regra, já que isso não é uma regra. Quero transpor a maluquice que é a minha mente para o teclado. Tchau, ou oi?
terça-feira, 6 de agosto de 2013
segunda-feira, 6 de maio de 2013
Maratona América ( Isso cansa )
Você é tão doce como o Alabama
E tão salgada como o Lago da cidade
E tão linda como a Colúmbia Britânica
E tão fria como a Patagônia
E tão quente como a Amazônia
E tão lisa como os Pampas.
E tão áspera como Sampa.
Você é tão astuta como Massachusetts.
Você é tão robusta como o subúrbio do Rio de Janeiro em pleno sábado de sol
Mas,
Puta que te pariu,
Você tão cansativa quanto eu.
E tão salgada como o Lago da cidade
E tão linda como a Colúmbia Britânica
E tão fria como a Patagônia
E tão quente como a Amazônia
E tão lisa como os Pampas.
E tão áspera como Sampa.
Você é tão astuta como Massachusetts.
Você é tão robusta como o subúrbio do Rio de Janeiro em pleno sábado de sol
E tão charmosa quanto a torcida do Grêmio.
E ainda mais charmosa do que um Noel Rosa boêmio.
Você é tão rústica quanto Robert Johnson
E tão arranhada quanto Jimi Hendrix.
Você é a flor que Pancho Villa queria
Você é genial como as cinzas de uma Fênix.
Você é tão minha,
E ainda mais charmosa do que um Noel Rosa boêmio.
Você é tão rústica quanto Robert Johnson
E tão arranhada quanto Jimi Hendrix.
Você é a flor que Pancho Villa queria
Você é genial como as cinzas de uma Fênix.
Você é tão minha,
Quanto sou teu.
Mas,
Puta que te pariu,
Você tão cansativa quanto eu.
domingo, 17 de fevereiro de 2013
Silogismo do Amor
- Se você me diz que um casal só é casal quando é amigo, e me diz que do sexo todos conseguem dar conta, eu gostaria de indagar por que caralhas trata o amor como mistério e escreve poemas bobos e idiotas para ele, quando o mesmo não passa de uma azeotrópica mistura, ou uma bucéfala soma de amizade com putaria?
- A dedução é sempre um perigo, meu amigo. De qualquer forma, a resposta consiste no conflito que causa, que é, e que gera o amor.
- Seja mais preciso.
- Simples. O conflito ao qual me refiro é o paradoxo. Veja você, o que te motivou a, do nada, fazer aquela primeira indagação?
- Um...
- Pode falar amor. Um amor.
- Uma mistura azeotrópica de amizade com beijos, digamos.
- Então um amor te motivou a falar mal do amor?
- Ao que parece...
- Isso me parece paradoxal.
- De fato.
- O que te deixa com apenas uma possível dedução,
- Você disse que a dedução é sempre um perigo.
- O amor é um perigo, é uma incerteza, é um paradoxo. Vá em frente.
Então, Contristati, o arrependido, olhou para o horizonte, reparou em como dois pontos paralelos pareciam se encontrar no infinito e deduziu:
- Eu te amo, Paradoxo.
- A dedução é sempre um perigo, meu amigo. De qualquer forma, a resposta consiste no conflito que causa, que é, e que gera o amor.
- Seja mais preciso.
- Simples. O conflito ao qual me refiro é o paradoxo. Veja você, o que te motivou a, do nada, fazer aquela primeira indagação?
- Um...
- Pode falar amor. Um amor.
- Uma mistura azeotrópica de amizade com beijos, digamos.
- Então um amor te motivou a falar mal do amor?
- Ao que parece...
- Isso me parece paradoxal.
- De fato.
- O que te deixa com apenas uma possível dedução,
- Você disse que a dedução é sempre um perigo.
- O amor é um perigo, é uma incerteza, é um paradoxo. Vá em frente.
Então, Contristati, o arrependido, olhou para o horizonte, reparou em como dois pontos paralelos pareciam se encontrar no infinito e deduziu:
- Eu te amo, Paradoxo.
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