sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Tudo pode o Todo Poderoso

Acompanhei uma série de reportagens sobre a despedida do Estádio Olímpico Monumental do Grêmio. Uma delas mostrava uma série de idosos indo fazer suas últimas visitas ao estádio, se emocionando como se um parente próximo tivesse partido. Ao ser perguntada sobre o porquê das lágrimas, respondeu uma torcedora do Grêmio :

 '' É como se o clube fosse acabar amanhã. ''

Dito isso, farei uma breve análise sobre o materialismo na sociedade moderna.

Dizem-nos os mais antigos que não devemos nos apegar as coisas materiais. Um tio mais atrelado à Aliança Nacional Libertadora ainda dissera que a culpa de sermos assim, materialistas, é do Capitalismo, da sociedade de consumo.
O que indago, pois, é até que ponto o materialismo é ruim. Melhor : é o materialismo ruim?
Com uma cena tão bonita em Porto Alegre, associando o abstrato que é o amor pelo clube à concretude que é o palco do futebol, quase me tomo da síntese de que, como instrumento, como links para nossas lembranças, o concreto é mais do que bom, é fundamental.

Bom, eu estava mentindo no parágrafo acima. A verdade é que sou deveras contra o materialismo moderno e creio que nada concreto deva ser necessário para nos levar a um estado de espírito de prazer, melancolia, nostalgia, etc.

Toda essa encenação foi pra falar do futebol. No futebol, e somente nele, o concreto é bonito. Por que? Simples, pois o futebol é bonito. O futebol mexe com paixões e, como se isso já não bastasse, inverte clichês. É o esporte do paradoxo, capaz de fazer a dedução mais óbvia virar falácia e assim por diante. Explico:

É a redonda que faz o religioso mandar alguém Tomar no Cu.
É a rede balançando que faz o racista abraçar o negão de 2 metros ao seu lado e gritar É GOL, PORRA.
É a falta na entrada da área que faz Ateu rezar. ( E se for gol, pagar promessa )
É o estádio cheio que faz o tricolor pai de três filhos que xinga o Papa por ser contra a camisinha cantar João Paulo num Maracanã Lotado.
É a rivalidade que faz os operários colorados pararem o bonde em dia de clássico obrigando os burgueses celestes a irem a pé. ( E ainda botar esse fato no hino )
É o futebol que faz tudo isso e muito mais.
Enfim;
É o futebol que fez meu tio gaúcho, ex-membro da ANL, arrancar um tufo de grama do Monumental gremista e guardá-lo de maneira a só ser mexido em seu enterro. O mesmo que xingou o capitalismo e a sociedade de consumo.

Termino corrigindo-me:

Não é tudo que pode no futebol. É o futebol que pode tudo.

Abraços.

domingo, 29 de julho de 2012

Situação

Uns te odeiam por odiar
Outros te odeiam por te amar
Uns te amam por não conseguir te odiar
Outros te odeiam por não conseguir te amar.

Eu te amo por te amar e por não conseguir te odiar.
Mas também te odeio por não conseguir te amar.
Eu te amo e te odeio.
Pobres rimas.
Pobre aliteração.
Pobre Eu.
Pobre meu coração.

Te amo.

Ou não.

Certo mesmo,
É que odeio a situação.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

O Maior dos Ratos

Ensaio : dedico este texto a todos os ratos da piscina de Cazuza.


Era uma vez um gato chamado rato.
O Gato Rato estava empertigado atrás de um rato.
Afinal, ao ver um rato, Rato ia logo atrás.

Todo gato gosta de um rato.
Principalmente o Gato Rato.

Tão bom caçador era o Gato Rato,
Que,
Entre os gatos era renomado.
Sua arrogância era,
Se a humildade fosse uma gota,
Um espirro.

Enfim,
Tão grande era a arrogância do Gato Rato
Que,
Um dia foi caçar mais um de seus ratos.
E,
Acabou por morder seu próprio rabo.

E ficou com um rabo do tamanho do rabo de um gato.

E,
Gato com rabo de rato
Não é gato.

É rato.

E,
Assim nasceu o maior dos ratos,
O rato Rato.

domingo, 27 de maio de 2012

Menos uma, menos outra

OBS : Se preferir, este texto pode ser chamado de '' A Fórmula do Amor '' . Entretanto, me soa muito romântico.


Era dia quando a Mãe acordou seu filho.
Levante-se , potro.
Segue um bocejo, os olhos não enxergam nada.
Ou enxergam tudo, de acordo com leis refracionárias da física ótica, o branco seria a mistura de todas as cores.
Esse foi seu segundo pensamento depois de acordar.
O primeiro é óbvio. Só não cabe a mim descrever um filho xingando mentalmente sua mãe.
Lavar o rosto, escovar os dentes, tomar café, voltar a escovar os dentes.
Banho.
Descer o elevador, sem se esquecer do seu peso aparente maior. Peso maior que a normal.
Ao chegar o ônibus aquele desgostoso barulho de gás sendo liberado. Porque, pressão?
Aquele cantado das pneumáticas. Maldita dissipação de energia.
Maldito atrito. Em seu coração de pedra, o coeficiente parecia ser maior. E quanto mais ele sentia arranhar, menos deixava de ser de pedra seu coração.
Assim como o peso era aparente, também era a sua frieza.
Sua objetiva mente subjetivava sua amada.
Daí vinha seu atrito.
Todas as perguntas ele saberia responder.
Menos uma : seria mesmo meu coração de pedra?


Menos outra.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

'' Psicociclose ''

Parecia simpática.
No frio calor daquela sala, aonde todos olhavam para todos, mas ninguém falava com ninguém, ela chamava  a atenção.
All Star marrom de cano alto, marcáveis dobras e rasgos em sua calça jeans. Pele de índia, rosto francês.
A camisa social de bolinhas multicoloridas não era o toque final.
As cerejas do bolo eram, no entanto, os óculos escuros que prendiam seus lisos, bagunçados e curtos cabelos.
Quem pudera ouvir sua voz. A voz era uma característica sempre importante.
Quem pudera tocá-la. Só de sentar ao seu lado, sentia exalar a maciez de sua pele marrom.
Quem pudera desabotoar apenas mais um de seus botões. Só restava um para que seus seios ficassem suficientemente expostos, provocando-lhe um orgasmo mental.
Mal sabia ele que aquilo apenas tornaria o seu desejo ainda maior. Prova disso foi  primeira e quase última frase da mulher. Que calor. ( Ao mesmo tempo em que falava, desabotoava mais um botão ) . Ele viu, de acordo com o que aprendera na última sessão, seu ID aflorar. A guerra com o super-ego estava mais que declarada.
Entretanto, para o fim de sua breve loucura, a moça levantou e foi embora.
Mal ou bem, isso fez-lhe lembrar que estava apenas na sala de espera de um consultório de psicanálise.
Quando já se conformava, ela reaparece e diz : ( podia jurar que o som era de um harpa, não de uma mulher )
'' Estava precisando tomar um ar fresco ''. De repente, como se alguém tivesse rebobinado sua mente, ele parou. Olhou em volta, pensou e pensou em não pensar, mas tudo já estava perdido.

Parecia simpática.
No frio calor daquela sala, aonde todos olhavam para todos, mas ninguém falava com ninguém.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Apresentação

Este blog não foi criado com o intuito de te maravilhar.
Muito menos com o intuito de politizar alguém.
Também não foi feito visando a apaixonar ninguém.
Antiteticamente falando, também não visa ocupar meu tempo. Um aluno de terceiro ano do ensino médio deveria, pelo menos em tese, ter seu tempo bem ocupado.
Não sei se bem, mas, sim. Meu tempo é ocupado.
Chega-se ao ponto da desocupação.
Vamos desocupar, mas antes de desocupar: o que quero dizer com isso?
Desocupar não é fazer-te não pensar. Desocupar é fazer-te trocar os mundos. É fazer-te pensar sobre outras coisas. Contudo, só um gênio conseguiria fazer toda semana alguém pensar sobre outros cosmos.
Então, quando eu não for capaz de escrever sobre outras coisas, tentarei escrevê-las por um outro ângulo.
Com todos os suposto intuitos que eu neguei, resta apenas uma saída: Todos eles. Escrevendo quero me maravilhar, me apaixonar me politizar. Quero deixar de ser eu e ser o Eu mais profundo.
Enfim, quero transpor toda a maluquice que é a minha mente para o teclado.
Esse é o meu prólogo.
Tchau.
Ou oi?

Obs: Não se ofenda e principalmente não ME ofenda se ver algum erro de português. Darei o meu melhor.